Páginas

domingo, 15 de setembro de 2019

Sonhos ao mar, lancei...

“...Barcos nos vendavais
Miragens que criei
Viagens que o pensamento faz...”

Acima trecho de uma canção chamada "Centro" do quinteto 5 a seco, uma das minhas bandas favoritas, e extremamente coesa com o que preciso externalizar.
(Para ser franca, o álbum todo me diz algo, poderia pincelar um pouco de cada faixa rsrs)
Então, sempre fui boa em usar a fala para esvaziar com intuito de evitar que o que quer que seja ganhasse uma proporção maior do que a necessária, embora fizesse isso intuitivamente e aos poucos fui realizando com atenção e presença, digo, sabendo o porquê de fazer isto.
Todavia, nesta última semana venho relutando para elaborar determinados sentimentos e, do alto dos meus vinte e seis, não achei que isto (ainda) fosse possível. E o que constatei é que somos aprendizes constantes dessa roda gigante que é a vida.
Não sei se já ouviu falar em Zygmunt Bauman e em sua teoria sobre a sociedade líquida, para ser mais específica nos tais “amores líquidos”, que, é uma análise do autor acerca dos novos rearranjos afetivos do século XXI, em que nada mais é eterno, tudo é efêmero, senão vejamos:
Amor líquido é um amor “até segundo aviso”, o amor a partir do padrão dos bens de consumo: mantenha-os enquanto eles te trouxerem satisfação e os substitua por outros que prometem ainda mais satisfação. O amor com um espectro de eliminação imediata e, assim, também de ansiedade permanente, pairando acima dele. *

Isto posto, vivenciei uma situação que, analisando de fora, parece uma grande brincadeira (de mal gosto, por assim dizer).
Sempre tentei ser sensata no que diz respeito a relacionamentos afetivos (ou assim gosto de pensar), não costumava tomar decisões baseadas em impulsos/desejos, pois foi o modo como fui ensinada a ser e desde que notei estas interferências trabalho esse comportamento. E, nesta situação específica me permiti honrar os tais desejos e de maneira leve tentei conduzir o porvir, porém, os diálogos foram tornando-se diários e a troca aconteceu, mas, sem mais nem menos as lacunas nos diálogos tornaram-se depressões até se tornarem cânions e ambos voltarem ao status quo: estranhos, alheios, nem pareciam aqueles que trocaram bem mais do que cervejas. 
E, quando as palavras não são suficientes, a música fala por nós:
Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção
Esconda um beijo pra mim sob as dobras do blusão
Eu quero um gole de cerveja no seu copo no seu colo e nesse bar
Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja
Não quero o que a cabeça pensa eu quero o que a alma deseja
Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo tenho pressa de viver
Mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar
Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar
Tempo para ouvir o rádio no carro
Tempo para a turma do outro bairro, ver e saber que eu te amo
[...]
Meu bem, mas quando a vida nos violentar
Pediremos ao bom Deus que nos ajude
Falaremos para a vida
Vida, pisa devagar meu coração, cuidado é frágil
Meu coração é como vidro, como um beijo de novela
Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão
O meu som, e a minha fúria e essa pressa de viver
E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza
E arriscar tudo de novo com paixão
Andar caminho errado pela simples alegria de ser 
[...]

E como diz outra canção, também do 5 a seco, "Tudo que eu sabia de mim mesmo/ Era correndo, era por alto/ Era uma placa sem estrada/ E aí, bastou você chegar/ E eu digo bastar/ Sem medo de escolher/ Sei lá/ O mundo se abriu/ As ruas virão rios", de uma maneira agridoce aprendi mais sobre mim, as ruas do meu coração viraram rios e a correnteza é tão forte que mal consigo navegar, preciso me afogar na sua profundeza sem saber ao certo o que irei encontrar. 
Embora a análise de Bauman não seja nada otimista quanto aos relacionamentos nesta época, ainda prefiro confiar no otimismo e honrar o que sinto, independente das eventuais feridas que isto me cause, porque viver e sentir ultimamente é sinônimo de sofrimento. 
Contudo, "canto para me convencer a encarar os dias" apesar dessa correnteza que insiste em me arrastar para lugares dentro de mim que não conheço.
Obrigada a você por me mostrar o quanto sou capaz de sentir e viver e de ser tudo aquilo que sei que ainda serei.
 

            


Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...