“...Barcos nos vendavais
Miragens que criei
Viagens que o pensamento faz...”
Miragens que criei
Viagens que o pensamento faz...”
Acima trecho de uma canção chamada "Centro" do
quinteto 5 a seco, uma das minhas bandas favoritas, e extremamente coesa com o
que preciso externalizar.
(Para ser franca, o álbum todo me diz algo, poderia pincelar
um pouco de cada faixa rsrs)
Então, sempre fui boa em usar a fala para esvaziar com
intuito de evitar que o que quer que seja ganhasse uma proporção maior do que a
necessária, embora fizesse isso intuitivamente e aos poucos fui realizando com
atenção e presença, digo, sabendo o porquê de fazer isto.
Todavia, nesta última semana venho relutando para elaborar determinados
sentimentos e, do alto dos meus vinte e seis, não achei que isto (ainda) fosse
possível. E o que constatei é que somos aprendizes constantes dessa roda
gigante que é a vida.
Não sei se já ouviu falar em Zygmunt Bauman e em sua
teoria sobre a sociedade líquida, para ser mais específica nos tais “amores
líquidos”, que, é uma análise do autor acerca dos novos rearranjos afetivos do
século XXI, em que nada mais é eterno, tudo é efêmero, senão vejamos:
Amor líquido é um amor “até segundo aviso”, o amor a partir do padrão dos bens de
consumo: mantenha-os enquanto eles te
trouxerem satisfação e os substitua
por outros que prometem ainda mais satisfação. O amor com um espectro de eliminação imediata e, assim,
também de ansiedade permanente,
pairando acima dele. *
Isto posto, vivenciei uma situação que, analisando de fora,
parece uma grande brincadeira (de mal gosto, por assim dizer).
Sempre tentei ser sensata no que diz respeito a
relacionamentos afetivos (ou assim gosto de pensar), não costumava tomar decisões
baseadas em impulsos/desejos, pois foi o modo como fui ensinada a ser e desde que notei estas interferências trabalho esse comportamento. E, nesta
situação específica me permiti honrar os tais desejos e de maneira leve tentei conduzir o porvir, porém, os diálogos foram tornando-se diários e a troca aconteceu, mas, sem mais nem menos as lacunas nos diálogos tornaram-se depressões até se tornarem cânions e ambos voltarem ao status quo: estranhos, alheios, nem pareciam aqueles que trocaram bem mais do que cervejas.
E, quando as palavras não são suficientes, a música fala por nós:
Meu
bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção
Esconda
um beijo pra mim sob as dobras do blusão
Eu
quero um gole de cerveja no seu copo no seu colo e nesse bar
Meu
bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja
Não
quero o que a cabeça pensa eu quero o que a alma deseja
Arco-íris,
anjo rebelde, eu quero o corpo tenho pressa de viver
Mas
quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar
Que é
para eu ter tempo, tempo de me apaixonar
Tempo
para ouvir o rádio no carro
Tempo
para a turma do outro bairro, ver e saber que eu te amo
[...]
Meu
bem, mas quando a vida nos violentar
Pediremos
ao bom Deus que nos ajude
Falaremos
para a vida
Vida,
pisa devagar meu coração, cuidado é frágil
Meu
coração é como vidro, como um beijo de novela
Meu
bem, talvez você possa compreender a minha solidão
O meu
som, e a minha fúria e essa pressa de viver
E esse
jeito de deixar sempre de lado a certeza
E
arriscar tudo de novo com paixão
Andar
caminho errado pela simples alegria de ser
[...]
E como diz outra canção, também do 5 a seco, "Tudo que
eu sabia de mim mesmo/ Era correndo, era por alto/ Era uma placa sem estrada/ E
aí, bastou você chegar/ E eu digo bastar/ Sem medo de escolher/ Sei lá/ O mundo
se abriu/ As ruas virão rios", de uma maneira agridoce aprendi mais sobre mim, as ruas do meu coração viraram rios e a correnteza é tão forte que mal consigo navegar, preciso me afogar na sua profundeza sem saber ao certo o que irei encontrar.
Embora a análise de Bauman não seja nada otimista quanto aos relacionamentos nesta época, ainda prefiro confiar no otimismo e honrar o que sinto, independente das eventuais feridas que isto me cause, porque viver e sentir ultimamente é sinônimo de sofrimento.
Contudo, "canto para me convencer a encarar os dias" apesar dessa correnteza que insiste em me arrastar para lugares dentro de mim que não conheço.
Obrigada a você por me mostrar o quanto sou capaz de sentir e viver e de ser tudo aquilo que sei que ainda serei.
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