Desde criança sempre fui intensa nos
meus posicionamentos, defendia e defendo até hoje meus interesses com bastante
paixão, mas recentemente fui acusada de ser radical em detrimento desses
últimos acontecimentos políticos e, se fosse outrora essa afirmação teria me
ferido imensamente, todavia, me fez refletir sobre a conjuntura
político-social-econômica em que estamos inseridos.
Vivemos tempos de ânimos exaltados, de
extrema violência ocasionadas por razões políticas, discurso de ódio sendo
espalhado do Oiapoque ao Chuí, é... Tem horas que me pergunto onde está o meu
Brasil, o país que amo apesar de suas mazelas.
Bom, esse pleito eleitoral talvez seja
o mais atípico dentre os que tenho podido participar até então e esta também
tem sido a opinião de amigos e familiares com quem tenho podido conversar,
dentre essas uma que tive com meu irmão, cujo texto que colaciono abaixo sintetiza
com maestria.
Com a palavra, Milton Saldanha:
"Antipetismo é infantilidade política. Ou esperteza.
Para começar, tenho em meu arquivo uma coleção de artigos que
escrevi criticando o PT e Lula. E não acredito na inocência deste último, que
conheço desde os tempos do sindicalismo no ABC, quando lá exerci durante sete
anos o jornalismo. Logo, não me venham com histerismos e adjetivos, nem da
direita nem da esquerda, não tenho mais tempo e paciência para isso. Acompanho
a política brasileira desde garoto, começando em 1954, sob o impacto do
suicídio de Vargas. Leio e estudo muito desde então, com a humildade de
reconhecer minhas carências culturais. Não será um garoto mal formado numa
faculdade que vende diplomas que me dará aulas de política. Para isso busco os
livros que valem a pena.
Apostar no fascismo bolsonarista, que se apresenta com as mais
primitivas propostas, tipo armar a população, é no mínimo uma regressão mental.
Mais ainda quando baseada num antipetismo
sem reflexão.
Ora, o PT roubou e deixou roubar, isso foi parte do acordo com a
direita, e que caracterizou o período Lula. Bolsonaro estava lá: foi durante 12
anos de um partido que integrava a base aliada do governo. Esqueceram ou não
sabiam?
Quando, em que dia e hora, o “honesto” apontou alguma
irregularidade? Ou contra Cabral, do PMDB, que saqueava o Rio de Janeiro?
Ele não estava preocupado
com isso. Cuidava de ajeitar os filhos na política, educando-os para a
truculência, e tratando dos negócios da família no Vale do Ribeira, onde hoje
tem mais de 40 empresas, como apontou a revista Época, do grupo Globo, que
ninguém ousará chamar de comunista. Como alguém consegue isso só somando
proventos de capitão da reserva com ganhos parlamentares? A conta não fecha.
Antes da fundação do PT, em 1980,tanto a elite da direita, como os
chamados governos populares, há um século já roubavam descaradamente os cofres
públicos. Mas sempre empunhando o
discurso moralista em vésperas de eleições. Nada disso é novidade. Jânio e Collor usaram a tática com êxito.
Nenhum terminou o mandato.
Portanto, nada disso nasceu com o PT, começa com Cabral, quando
aqui aportou subornando os índios com espelhinhos.
Em 1963, há 55 anos, o presidente João Goulart colocou o íntegro general Osvino Ferreira Alves na presidência da Petrobrás
com a missão de coibir a corrupção. O problema não começou ontem, com FHC ou
Lula, e nunca foi a estatal e sua função estratégica, e sim a má gestão.
E quem acha que na ditadura não se roubava merece um pirulito e um
chocalho de presente, além do troféu ingenuidade.
Apontem um único partido, na História desta República, que não
tenha se lambuzado em todo tipo de falcatrua, a começar pelo emprego de
parentes como funcionários fantasmas.
Aécio Neves tinha 18 anos, passava as tardes jogando vôlei em
Ipanema, no Rio, mas já estava na folha de pagamento do Congresso, como
assessor parlamentar do avô. Certamente com sua mesa de trabalho nas areias da
praia. É o mesmo Aécio que deixou viúvas traídas, hoje bolsonaristas. Mas que
nada aprenderam.
Não santifico nem esconjuro o PT. Não foi o único a errar. Mas
desconhecer o que fez de bom no plano social seria leviandade.
Como é falta de caráter dos empresários que ganharam muito
dinheiro com renúncias fiscais nos governos Lula e Dilma e hoje criticam com a
maior cara de pau. Por que não criticavam quando estavam se dando bem?
Quero com tudo isso, apenas
dizer que o PT sempre foi um partido como outro qualquer. Não é o demônio
encarnado, e que uma vez debelado transforma o Brasil num paraíso só de
vestais.
É o que temos na política brasileira, infelizmente. Em nada
diferente do PMDB, PSDB, PP (onde estava Bolsonaro, dividindo o banco com Cunha
e Maluf). A propósito, este mesmo PP
campeão de inquéritos na Lava Jato.
Bolsonaro só não entrou na lista,
como ele mesmo disse na Globo News, porque era do baixo clero, ao qual ninguém
dava a mínima atenção, nem mesmo para subornar.
Jogar o Brasil no fascismo imprevisível, com um vice que desconhece
a Constituição e quer extirpar até o décimo terceiro salário, do pouco que
resta ao trabalhador, é uma irresponsabilidade.
Por mais que tenha defeitos, o PT jamais levantaria um
questionamento tão cretino. Por mais que tenha defeitos, o PT jamais faria apologia da tortura, e isso não é
irrelevante: um presidente exerce um
grande poder policial-militar delegado pela Constituição, como chefe supremo
das Forças Armadas.
Não há antipetismo que justifique isso.
É infantilidade política, para uns. Manipulação, para outros. Ou
esperteza oportunista".
Por fim, ressalto que este post não
tem cunho partidário, mas sim intento de clarear a mente de quem possa estar
confuso (e tem direito de estar) em meio a essa enxurrada de notícias falsas
chegando à velocidade da luz (inclusive isso é ocasionado por um algoritmo
estrangeiro, mas deixemos isto para outro possível post) além de primar pela
manutenção da Constituição Cidadã de 1988, que, como cidadã é meu
dever preservar e assegurar os direitos nela contidos.
Espero fielmente que, ao fim deste
pleito eleitoral tenhamos elegido alguém que não vá ser a salvação do país,
pois não há tal candidato, mas que irá conduzir o país para um ambiente de paz
e manter a democracia.
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