Sei que ando distante desse espaço onde outrora fui tão presente. Talvez pela velocidade e a efemeridade da vida.
A escrita sempre foi extremamente terapêutico para mim e continua sendo, apenas deixei de publicar.
Há mais de um ano publiquei aqui sobre como a dança da vida nos afasta de algumas pessoas e não ironicamente me afastei deste espaço. Talvez precisasse desse tempo de reflexão para entender direito esses movimentos migratórios.
A verdade é que a realidade é bem menos poética do que imaginava. O cotidiano pode ser frio e as pessoas, bom... elas simplesmente não se importam se você está andando com o coração sangrando, elas querem que você produza e, provavelmente por isso não consegui extrair outra coisa senão pedra.
Para não dizer que não escrevi nada além daquele texto publicado em janeiro, em maio do ano passado escrevi um texto de despedida para um amor que foi embora e cometi o equívoco de achar que tivesse me despedido dele, mas não é o que de fato aconteceu. A gente não exorciza simplesmente alguém com uma carta. É possível elaborar os sentimentos, concatenar a ordem dos acontecimentos, mas o luto... infelizmente não finda na hora que desejamos.
Recentemente comecei a ler "Eu existo no olhar do outro?", livro de autoria da Ana Suy e do Christian Dunker, o livro é organizado através de conversas entre ambos e em dado momento eles estão falando que sentimentos falta do olhar do outro sobre nós e da forma como nos enxergamos através desse olhar, podemos nos amar mais ou menos.
Isto me fez pensar que talvez o que sentimos falta seja como aquele olhar do outro sobre nós nos faz sentir. Será que ainda buscamos nos sentir valorizadas(os)/validados(as) pelo outro?
Por qual razão ainda buscamos as mesmas coisas que buscávamos no início do século passado? Deixando claro que me refiro às mulheres, mas se bem que os homens não alteraram seu status quo, em que pese exista uma parcela que conjecture que a independência feminina retirou a masculinidade dos homens - o que é, no mínimo engraçado.
Voltando ao ponto anterior, por qual motivo ainda buscamos um companheiro para nos sentir vitoriosas? Conquistamos educação, direito ao voto, direito de decidir sobre o próprio corpo (mais ou menos), podemos viajar para onde queremos (dentro do orçamento de cada uma) com ou sem companhia e ainda estamos procurando por "ele".
Esse estereótipo reforçado pela sociedade, pela mídia, pelo sistema, é tão somente uma forma de controle e devemos nos perguntar: a quem serve este controle?
Neste sentido, tenho uma sugestão de filme que está em cartaz nos cinemas brasileiros, chama "Amores Materialistas" e tem o Pedro Pascal, a Dakota Johnson e o Chris Evans no elenco.O filme é um convite para pensar sobre como estamos nos relacionando e nos questionar: no fim das contas o que, de fato, importa quando nos interessamos por alguém?
