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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Desapontada, mas não surpresa

Quando eu era mais nova achava incrível quando meus pais iam votar, sempre pedia para apertar os botões só para ouvir aquele somzinho que confirma que o voto foi efetuado. 
À proporção em que fui crescendo e estudando, tomei a consciência de que aquela conquista era especialmente importante para nós, mulheres.    
Todavia, apesar de saber do peso do voto e de seu significado, durante algum tempo minha mente ficou turva com os pensamentos  "política não serve para nada", "todo político é corrupto", "meu voto não faz diferença", "vou votar nulo ou branco, assim não me responsabilizo". 
Ideias estas que além de limitantes são falaciosas, na medida em que meu (e o seu) voto faz (em) sim diferença, a política é fundamental para a engrenagem da sociedade democrática de direito em que estamos inseridos, bem como a escolha dos nossos representantes é imprescindível, vez que o nosso sistema é representativo, ou seja, necessariamente temos que escolher quem nos representará e, por isso deve-se escolher com coerência, isento do famigerado "voto em fulano porque meu pai vota", digo isto porque foi esse o raciocínio que utilizei na primeira vez que votei e, embora tenha partido deste princípio, lembro que me senti inclusa e feliz por participar do pleito eleitoral porque eu sabia que muitas mulheres lutaram para hoje eu e tantas outras mulheres pudessem entrar na cabine de votação e apertar aqueles botões, algo que parece tão singelo, mas que representa tanto. 
Nesta senda, em pleno 2018 ver mulheres defendendo um presidenciável que se declarou algumas tantas vezes ser favorável a diferenciação de salários baseado no gênero, entre outras afirmações misóginas*, é simplesmente inaceitável. Implica dizer que tudo o que lutamos não importou em nada e não se trata de discurso feminista (se é que essa expressão pode ser usada de forma pejorativa porque sinceramente não entendo assim), mas de uma constatação fática, basta um pouco de leitura via breve pesquisa na web com as palavras-chave "sufrágio-feminino".
Além disso, nesse pleito eleitoral é perceptível o ressentimento da população com as denúncias envolvendo políticos/desvio de dinheiro público, principalmente após o escândalo da operação Lava-Jato que transformou o PT no inimigo nacional. 
Obviamente não se pode negar os desvios e a corrupção varrida para fora do tapete, contudo, acredito que é interessante analisar as propostas de todos os candidatos e escolher um cujos propostas sejam razoáveis para o nosso país, não aquele (a) que atenda aos interesses egoísticos de uma parcela da população. 
Pensem bem, não existem mal a ser expurgado, mas sim mentalidades tacanhas tentando impor o que é "certo" e "errado".  Vote consciente! 

Que nesse 07 de outubro façamos história mais uma vez, que não cedamos à censura, tampouco à tentativa de reduzir nossos tão (árduos) direitos. #elenão #elejamais

Beijos, 

M. 

P.s.: Sempre bom lembrar que este texto não tem intenção de defender nenhum partido, mas sim ser a favor de direitos constitucionais que, se hoje estão lá assegurados, é sinônimo de luta e não de perfume de rosas. 

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