Páginas

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Às vezes

        Às vezes sinto uma vontade imensa de estar envolta no calor do teu abraço, no conforto da tua certeza e opiniões sobre absolutamente tudo. Noutras tantas só agradeço a liberdade de sentar à beira-mar e não desejar estar com mais ninguém além de mim mesma.

[...] Desculpa se eu ficar mudo, mas
O tempo que eu tenho é pra voar...  


quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Barbárie X Democracia

Desde criança sempre fui intensa nos meus posicionamentos, defendia e defendo até hoje meus interesses com bastante paixão, mas recentemente fui acusada de ser radical em detrimento desses últimos acontecimentos políticos e, se fosse outrora essa afirmação teria me ferido imensamente, todavia, me fez refletir sobre a conjuntura político-social-econômica em que estamos inseridos.
Vivemos tempos de ânimos exaltados, de extrema violência ocasionadas por razões políticas, discurso de ódio sendo espalhado do Oiapoque ao Chuí, é... Tem horas que me pergunto onde está o meu Brasil, o país que amo apesar de suas mazelas.
Bom, esse pleito eleitoral talvez seja o mais atípico dentre os que tenho podido participar até então e esta também tem sido a opinião de amigos e familiares com quem tenho podido conversar, dentre essas uma que tive com meu irmão, cujo texto que colaciono abaixo sintetiza com maestria.
Com a palavra, Milton Saldanha:
"Antipetismo é infantilidade política. Ou esperteza.
Para começar, tenho em meu arquivo uma coleção de artigos que escrevi criticando o PT e Lula. E não acredito na inocência deste último, que conheço desde os tempos do sindicalismo no ABC, quando lá exerci durante sete anos o jornalismo. Logo, não me venham com histerismos e adjetivos, nem da direita nem da esquerda, não tenho mais tempo e paciência para isso. Acompanho a política brasileira desde garoto, começando em 1954, sob o impacto do suicídio de Vargas. Leio e estudo muito desde então, com a humildade de reconhecer minhas carências culturais. Não será um garoto mal formado numa faculdade que vende diplomas que me dará aulas de política. Para isso busco os livros que valem a pena.
Apostar no fascismo bolsonarista, que se apresenta com as mais primitivas propostas, tipo armar a população, é no mínimo uma regressão mental. Mais ainda quando baseada num  antipetismo sem reflexão.
Ora, o PT roubou e deixou roubar, isso foi parte do acordo com a direita, e que caracterizou o período Lula. Bolsonaro estava lá: foi durante 12 anos de um partido que integrava a base aliada do governo. Esqueceram ou não sabiam?

Quando, em que dia e hora, o “honesto” apontou alguma irregularidade? Ou contra Cabral, do PMDB, que saqueava o Rio de Janeiro?
 Ele não estava preocupado com isso. Cuidava de ajeitar os filhos na política, educando-os para a truculência, e tratando dos negócios da família no Vale do Ribeira, onde hoje tem mais de 40 empresas, como apontou a revista Época, do grupo Globo, que ninguém ousará chamar de comunista. Como alguém consegue isso só somando proventos de capitão da reserva com ganhos parlamentares? A conta não fecha.
Antes da fundação do PT, em 1980,tanto a elite da direita, como os chamados governos populares, há um século já roubavam descaradamente os cofres públicos.  Mas sempre empunhando o discurso moralista em vésperas de eleições. Nada disso é novidade.  Jânio e Collor usaram a tática com êxito. Nenhum terminou o mandato. 
Portanto, nada disso nasceu com o PT, começa com Cabral, quando aqui aportou subornando os índios com espelhinhos. 
Em 1963, há 55 anos, o presidente João Goulart colocou o íntegro general  Osvino Ferreira Alves na presidência da Petrobrás com a missão de coibir a corrupção. O problema não começou ontem, com FHC ou Lula, e nunca foi a estatal e sua função estratégica, e sim a má gestão.
E quem acha que na ditadura não se roubava merece um pirulito e um chocalho de presente, além do troféu ingenuidade.
Apontem um único partido, na História desta República, que não tenha se lambuzado em todo tipo de falcatrua, a começar pelo emprego de parentes como funcionários fantasmas.
Aécio Neves tinha 18 anos, passava as tardes jogando vôlei em Ipanema, no Rio, mas já estava na folha de pagamento do Congresso, como assessor parlamentar do avô. Certamente com sua mesa de trabalho nas areias da praia. É o mesmo Aécio que deixou viúvas traídas, hoje bolsonaristas. Mas que nada aprenderam.
Não santifico nem esconjuro o PT. Não foi o único a errar. Mas desconhecer o que fez de bom no plano social seria leviandade.
Como é falta de caráter dos empresários que ganharam muito dinheiro com renúncias fiscais nos governos Lula e Dilma e hoje criticam com a maior cara de pau. Por que não criticavam quando estavam se dando bem?
 Quero com tudo isso, apenas dizer que o PT sempre foi um partido como outro qualquer. Não é o demônio encarnado, e que uma vez debelado transforma o Brasil num paraíso só de vestais.
É o que temos na política brasileira, infelizmente. Em nada diferente do PMDB, PSDB, PP (onde estava Bolsonaro, dividindo o banco com Cunha e Maluf).  A propósito, este mesmo PP campeão de inquéritos na Lava Jato.  Bolsonaro  só não entrou na lista, como ele mesmo disse na Globo News, porque era do baixo clero, ao qual ninguém dava a mínima atenção, nem mesmo para subornar.
Jogar o Brasil no fascismo imprevisível, com um vice que desconhece a Constituição e quer extirpar até o décimo terceiro salário, do pouco que resta ao trabalhador,  é  uma irresponsabilidade.
Por mais que tenha defeitos, o PT jamais levantaria um questionamento tão cretino. Por mais que tenha defeitos, o PT jamais faria  apologia da tortura, e isso não é irrelevante:  um presidente exerce um grande poder policial-militar delegado pela Constituição, como chefe supremo das Forças Armadas.
Não há antipetismo que justifique isso.
É infantilidade política, para uns. Manipulação, para outros. Ou esperteza oportunista".
Por fim, ressalto que este post não tem cunho partidário, mas sim intento de clarear a mente de quem possa estar confuso (e tem direito de estar) em meio a essa enxurrada de notícias falsas chegando à velocidade da luz (inclusive isso é ocasionado por um algoritmo estrangeiro, mas deixemos isto para outro possível post) além de primar pela manutenção da Constituição Cidadã de 1988, que, como cidadã é meu dever preservar e assegurar os direitos nela contidos.
Espero fielmente que, ao fim deste pleito eleitoral tenhamos elegido alguém que não vá ser a salvação do país, pois não há tal candidato, mas que irá conduzir o país para um ambiente de paz e manter a democracia.


quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Desapontada, mas não surpresa

Quando eu era mais nova achava incrível quando meus pais iam votar, sempre pedia para apertar os botões só para ouvir aquele somzinho que confirma que o voto foi efetuado. 
À proporção em que fui crescendo e estudando, tomei a consciência de que aquela conquista era especialmente importante para nós, mulheres.    
Todavia, apesar de saber do peso do voto e de seu significado, durante algum tempo minha mente ficou turva com os pensamentos  "política não serve para nada", "todo político é corrupto", "meu voto não faz diferença", "vou votar nulo ou branco, assim não me responsabilizo". 
Ideias estas que além de limitantes são falaciosas, na medida em que meu (e o seu) voto faz (em) sim diferença, a política é fundamental para a engrenagem da sociedade democrática de direito em que estamos inseridos, bem como a escolha dos nossos representantes é imprescindível, vez que o nosso sistema é representativo, ou seja, necessariamente temos que escolher quem nos representará e, por isso deve-se escolher com coerência, isento do famigerado "voto em fulano porque meu pai vota", digo isto porque foi esse o raciocínio que utilizei na primeira vez que votei e, embora tenha partido deste princípio, lembro que me senti inclusa e feliz por participar do pleito eleitoral porque eu sabia que muitas mulheres lutaram para hoje eu e tantas outras mulheres pudessem entrar na cabine de votação e apertar aqueles botões, algo que parece tão singelo, mas que representa tanto. 
Nesta senda, em pleno 2018 ver mulheres defendendo um presidenciável que se declarou algumas tantas vezes ser favorável a diferenciação de salários baseado no gênero, entre outras afirmações misóginas*, é simplesmente inaceitável. Implica dizer que tudo o que lutamos não importou em nada e não se trata de discurso feminista (se é que essa expressão pode ser usada de forma pejorativa porque sinceramente não entendo assim), mas de uma constatação fática, basta um pouco de leitura via breve pesquisa na web com as palavras-chave "sufrágio-feminino".
Além disso, nesse pleito eleitoral é perceptível o ressentimento da população com as denúncias envolvendo políticos/desvio de dinheiro público, principalmente após o escândalo da operação Lava-Jato que transformou o PT no inimigo nacional. 
Obviamente não se pode negar os desvios e a corrupção varrida para fora do tapete, contudo, acredito que é interessante analisar as propostas de todos os candidatos e escolher um cujos propostas sejam razoáveis para o nosso país, não aquele (a) que atenda aos interesses egoísticos de uma parcela da população. 
Pensem bem, não existem mal a ser expurgado, mas sim mentalidades tacanhas tentando impor o que é "certo" e "errado".  Vote consciente! 

Que nesse 07 de outubro façamos história mais uma vez, que não cedamos à censura, tampouco à tentativa de reduzir nossos tão (árduos) direitos. #elenão #elejamais

Beijos, 

M. 

P.s.: Sempre bom lembrar que este texto não tem intenção de defender nenhum partido, mas sim ser a favor de direitos constitucionais que, se hoje estão lá assegurados, é sinônimo de luta e não de perfume de rosas. 

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...